10 de Janeiro (sábado)
Saídos de Cruz, sítio do agradavel e já famoso em nível nacional Zé Bezerra (vulgo e já abduzido Zé do Lixo), rumamos para Mangue Seco (beira de praia que tangencia Jericoacoara - Jeri).
Passamos por Gijoca de Jericoacoara (sede do município que abriga as famosas praias)...
Saindo de Cruz, um aro se amassou e desamassamos na pedrada, bem na frente da padaria, que nos rendeu um ótimo cafe da manhã...
Em Gijoca, ainda na estrada, ao tentarmos achar um parafuso que caiu da bici de Cadu, o dono da casa da frente (Iatan) convidou-nos para sentar, descanar e tomar uma agua... papo vai, papo vem, Iatan disse torcer para o SPFC, papo que levou Daniel a convidar-lhe a trocar a camisa que trazia (SPFC) pela que Iatan usava (Ferroviária - do CE), de simpatia por todos os torcedores do CEará...feita a troca, despedimo-nos dele...
na cidade de Gijoca (centro), conhecemos o "Sangue Bom", carioca de alta estirpe bastante parecido com o famigerado Mussum, cuja malandragem o fazia único na venda de côco, em garrafinhas geladas e congeladas (para os que teriam de levar por longos trechos de calor)...dizia ele: "deixa a vida me levar", "só no sapatinho"... almoçamos por lá, desta vez sem a novela (pois era sábado), mas com telejornais que só pautavam Rio-SP...enfim...
Pausamos para a digestão (já estamos bem acostumados com essa parte do dia) na rede, na beira da Lagoa da Gijoca, na qual entraríamos, não fosse o fato de ter de compartilhar as águas com fezes de vaca que por ali se alimentavam...lagoa belíssima, mas já imprópria para banho...aliás, a preocupação com o gado é impressionante: até o Piauí - de onde estamos escrevendo - há trechos imensos de mata cortada e queimada para feitura de pasto...
depois de cerca de 20km, numa agradável tarde, passamos por uma comunidade (Mangue Seco) de mangue ainda bastante vivo, porém, comunidade em situação de resistência e pobreza: os terrenos não são vendidos por maior que seja o assédio do mercado imobiliário de Jeri (para da praias), região (Jeri) com preços no comércio de imoveis em euro...
Atravessamos a parte de mangue com agua na canela, imensa pois a maré havia subido...moradores do fim do Mangue convidaram-nos a comparecer na Seresta daquela noite, mas, cansados, já estávamos na beira da praia, instalando-nos numa choupana na areia, com ventos fortíssimos e belíssima paiagem de fim de tarde...nesse momento, começamos a entender mais das marés...então, armadas as redes na choupana, a centenas de metros da próxima pessoa que por lá circulava...de repente, já preparados para comer o pãozinho com tomate que havia sobrado, aceitamos comer ostras que um vendedor (Neguinho - que vinha de Jeri) nos ofereceu, propondo que fizéssemos o preço. Enfim, comemos cerca de 50 ostras e rolou um papo ente pessoas meio famintas, meio cansadas...todos...
Curtimos a lua cheia que aflorava num céu ainda nublado, porém, em areias iluminadas e maré bastante distante (cerca de 100 metros da choupana), alucinante a brisa e emocionante o horizonte circular e deserto...
11 DE JANEIRO
Cheios de areia (bota areia nisso!), acordamos na rede (Suíno ainda conseguiu se livrar do sono aprisionador e ver, do topo da Duna próxima, a alvorada, num morro diferente, sem samba, porém com muito sabor - ah, se Cartola conhecesse essa localidade!!!) e rumamos para Tatajuba, sentido Camocim, pra ver o que seria...estreiamos a "kitebike" (adaptação da rede de nylon no guidon das bicis para ver o vento levar....e levou! para o chão...assim kitebike tornou-se "kai-de-bike"...nada grave, só a milanesa
Depois de uns 15 km, pela areia seca (bela paisagem e vento mais confortante), chegamos em Tatajuba pra descansar e tirar o dia para repousar as gambitas... e nos surpreendemos...sem reparar, mais um dia bastante agradável se fazia: deixamos as bicis na barraca do Eloi, espanhol que dava aulas de "kitesurf", rapaz introspectivo e solícito na medida... almoçamos na Raimunda, professora e presidenta de uma das associações de moradores do vilarejo de Tatajuba, que faz comida e serve em casa, num quintal improvisado (aliás, muitas foram as refeiçoes que fazíamos em ambiente que misturavam local de moradia e de trabalho)...
voltamos à beira da praia e na barrada hispano-brasileira, ficamos, até que um casal paulista (Alexandre e Simone) aproximou-se e batemos um papo...ele, com diversas idéias de refazimento da vida combinado com um novo e ainda pouco habitado ambiente desse extenso litoral brasileiro. ela, instigada pela possibilidade e cansada (assim como ele) do cotidiano paulistano...ambos estão construindo sua casa no local, aplicando recentes conhecimentos sobre reaproveitamento de materias inorgânicos e criações com orgânicos...
em seguida, o paraibano junior, guia turístico de boa prosa, chega co sua companheira suiça Aline e a amiga também suiça Érica...já se apresentando pelo teor do cumprimento geral, dali seguiu-se uma leve e inaugural conversa entre pessoes de ambiente, interesses e disposições diversas, com algo em comum: uma suavidade na lida com o espaço e tempo...pela noite, curtimos as fotografias de Alexandre, o papo cheio de causos com seu Manoel (dono da pousada ao lado), e as risadas gerais, tudo regado com cerveja (primeira noite, enfim, que bebemos bem...).
12 JANEIRO
Na manhã seguinte, a postos, fomos convidados pelo trio suiço-paraibano a tomar um café da manhã na pousada onde estavam hospedados...depois, todos iriam para Camocim e se dispuseram a nos levar, com as bicis...feito isso, passeamos entre as dunas, num típico passeio turístico, só que com pessoas conhecidas, generosas e agradáveis...
Para acesso a Camocin, uma balsa de curto trecho...
na cidade às11h, fizemos a limpeza nas bicis, depois de dois dias de praias (coitada delas!) e, cada vez que tentávamos sair rumo à Parnaíba, algo das bicis dava erro...
enfim, saímos lá pelas 16h30...decidimos puxar o pedal e chegamos às 18h em Chaval (cerca de 50km de Camocim), cidade de divisa com o Piaui...de agito jovem noturno e, ao mesmo tempo, pouco populosa... mais uma janta na casa de alguém...a preços módicos...
tomando sorvete em seguida, Maurício, 7 anos, pediu-nos um...com um papo tímido e recuado de Mauricio conversamos, enqunto todos tomávamos sorvete...os senhores próximos antecipavam respostas assim que perguntávamos algo a Mauricio, rebaixando sua possibilidade de voz (a timidez, assim, continuava)...contou que mora longe e vai todo dia pra cidade, onde fica o dia inteiro, às vezes com irmãos, às vezes só - como nessa vez -, pedindo algo pra comer e pra levar pra casa...durante as aulas, sai da escola e pra lá segue, sem tempo ou pessoas pra brincar...algo parecido com a vida de Alex e Dedé, de Bela Cruz...
Em Chaval, chegamos na prefeitura e o vigia (Boião) nos ofereceu a garagem para hospedagem...um chuveiro ao fundo...armamos rede e ele avisou: "o problema aqui são as muriçocas"... nem tanto)...
13 DE JANEIRO
acordamos no bathorário e saimos... atravessamos a fronteira e, depois de mais uns acertos nasbicis, no meio do caminho, entramos no Piauí.
às 10h de hoje,passamos ,por Luis Correia, ambiente já no Delta do Parnaíba, com belas dunas mais arborizadas que as cearenses, cortadas por novas (ou reformadas) estradas ladeadas por casas aparentemente de veraneio e outras em alto ritmo de construção (imóveis ocupando mais um lugar paradisíaco)...
Cansados pelo calor (o termômetro "passou mal"e tiramos do sol - estamos com 33 graus dentro da lan house fresquinha), mas instigados pela travessia de estado, vamos à praia da Pedra do Sal e dormir, hoje, num posto de saída da cidade, a convite do Nonato, dono de barraca ao lado...
Podem ver que são muitas informações, e, com muito carinho e disposição reservada para esses momentos, colocamos algumas impressões, descrições e observações de localidades que carecem de olhares mais generosos e garantidores de direitos...mas, como devem imaginar e notar, com muita beleza natural e, principalmente, gentileza e cuidado do povo que nos recebe e com quem conseguimos trocar histórias pequenas sobre distintos cotidianos...ê povo porreta!
É, ao mesmo tempo, um momento de escrever e ler os comentários da galera que viaja conosco virtualmente...ficamos bastante ansiosos para chegar o momento da lanhouse e ver novos comentários...e pra contar mais um pouco do muito difícil de ser contado somente por esse meio...
Abraços e beijos.
Daniel, Rodrigo e Cadu...
poxa vida... já estávamos sentindo falta dos relatos! muito gostoso ler essas histórias! bjs e boa sorte nas próximas etapas! bjs
ResponderExcluirEba!
ResponderExcluirQue legal!
Fezinha mandou e já virei leitora!!!
Boa viagem ai!!!
Bela aventura .........boa sorte .....
ResponderExcluirPaulo Nicolau
aahh, que delícia acompanhar essa viagem... e devo dizer ao Daniel que, diretamente de Gijoca, achei engraçado ter sanado uma curiosidade que me desassossegava desde a final do Brasileirão: de fato, meu time só não foi melhor do que o seu!! Brincadeiras a parte, é bom conhecer Rodrigo e Cadu, saber que são seus companheiros de pedaladas...Sigam firmes e não esqueçam de passar protetor solar!! Seus olhares por aí vão melhorando os nossos por aqui...
ResponderExcluirÉ amigos, um bom passo (pedalada) já foi dado, fiquei feliz por terem conhecido e conseguido ir pelo Litoral de Cruz a Camocim. Nosso Ceará estará sempre de portas abertas para pessoas como vocês que veem apreciam e não explora nossa povo, vocês devem ter visto muita beleza natural e um povo acolhedor e alegre, mas também devem der visto como nosso estado está sendo “tomado” por muitos que só querem esgotar tudo.
ResponderExcluirBoa viagem rumo a Tutoia (se é que não mudaram de idéia e rota, já vi que terreno não é problema: pedala na areia, carona de bugre, balsa...).
Estamos torcendo e acompanhando cada pedalada.
Abraços.
Olá viajantes..estou entrando nessa viagem acho que um pouco atrasado..mas creio que daqui a diante terão a minha companhia...
ResponderExcluirDani...Fantastica a ideia de Voces...poxa...comecar o ano novo em uma aventura assim é demais...coisa pra contar para os netos ..bisnetos..etc....
Força...Força...
Abrassss
Krika...(amigo dos amigos do CEDECA-SP)
Meninos!! que delícia é esta viagem!!
ResponderExcluirLeio estas notícias do muito díficil de ser contado, penso em nossos desejos múltiplos de um mundo diferente e melhor ... lembro de Manoel, o de Barros:
"Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou."
Choupana na areia?????????
ResponderExcluirhahahahahahah (risada de nervoso...)
rs
eae irmãos que Deus acompanhe vocês,esperamos noticia.Um abraço da familia Terr@ seu Cyber Café Parnaíba - Piauí
ResponderExcluirOxiii...cade vcs?Pararam pra uma aguinha?hehe
ResponderExcluirOhhhh...a Robertinha ta chegando!Cuidem da menina.rs
ResponderExcluirTo com saudades e ainda com inveja, esperando mais relatos desta louca e deliciosa aventura.
ResponderExcluirNão esqueçam de provar (com moderação) as cachacinhas juntos com as comidinhas...
Um salve a todos!!!
E ai rapaziada...to ansioso pra ver mais fotos...mais relatos...
ResponderExcluirestão fazendo muito suspense..hahaha
Boa sorte!!!
abrassss
Krika!!!!!
lugar bonito para pasea
ResponderExcluiraguei ceara que mora em vitoria espirito santo gostaria de pasea ai um dia boa noite beijo
ResponderExcluirresponda si queser um dia
ResponderExcluirque inveja amigos ! sou de cruz e conheço quase tudo por aí...a 15 anos moro em são paulo,e adoro ver essas aventuras no meu torrão !
ResponderExcluir